

Ganhou botas especiais e passou por inúmeros tratamentos mas logo deixou estas dolorosas experiências para trás. O pequeno George vivia mergulhado em leituras, com atenção especial para a história de Roma. Mas sua infância não se resumia a isto. Ele era marcado pelo amor. Aos sete anos, Byron se apaixonou perdidamente por sua prima, Mary Duff. Aos nove, sua babá o introduziu aos prazeres da carne.
Com 10 anos, Byron herda o título nobiliárquico de um tio-avô, tornando-se o sexto Lord Byron. As finanças minguavam. Tudo o que remetia ao nome dos Byron era motivo de processos por dívidas. O pequeno Byron foi enviado para a academia do doutor Glennie, em Dulwich, e logo em seguida, para Harrow. Durante um Natal, ele retornou para Newstead, que havia sido alugada por Lorde Ruthyn, que o iniciou no bissexualismo. Apaixonou-se perdidamente por Mary Ann Chaworth, uma vizinha. Ficou tão obcecado que se recusou a voltar. Ruthyn praticamente o obrigou a retornar.
Em sua adolescência, Byron foi tomando consciência de seu poder. Possuidor de carisma, beleza e poder de sedução, ele logo começou a aproveitar seus dons. Envolveu-se com colegas, empregadas, professores, prostitutas e garotas que adoravam um título de nobreza.

Em 1811, publica os dois primeiros cantos de Childe Harold's Pilgrimage (Peregrinação de Childe Harold), longo poema em que narra as andanças e amores de um herói desencantado, ao mesmo tempo em que descreve a natureza da península ibérica, Grécia e Albânia. A obra alcançou sucesso imediato e sua fama se consolidou com outros trabalhos, principalmente The Corsair (O Corsário)em 1814 e Lara no mesmo ano; além de The Siege of Corinth (O Cerco de Corinto) em 1816. Nesses poemas, de enredos exóticos, Byron confirmou seu talento para a descrição de ambientes.
Em 1815 casa-se com Anne Milbanke. Muda-se para a Suíça em 1816, após o divórcio de Lady Byron, causado pela suspeita de incesto do poeta com sua meia-irmã Augusta Leigh. Na Suíça escreve o canto III de Childe Harold's Pilgrimage, The Prisoner of Chillon (O prisioneiro de Chillon)e o poema dramático Manfred, enigmático e demoníaco. Em Genebra vive com Claire Clairmont e faz-se amigo de Shelley. Passam horas discutindo filosofias e poesias. Navegavam pelo lago e visitam os cenários da Nova Heloísa, de Rousseau. Chegaram, inclusive, a trocar rosas e carícias.
Numa noite chuvosa em Diodati, o grupo decidiu compor histórias macabras. Nasceu aliFrankenstein de Mary Shelley e O Vampiro de Polidori.
Compôs então, em 1818, o canto IV de Childe Harold's Pilgrimage e Beppo - A Venetian Story(Beppo - Uma história veneziana), poema em oitava-rima, de tom ligeiro e cáustico, em que ridiculariza a alta sociedade de Veneza. Em 1819 começou o poema herói-cômico Don Juan, sátira brilhante e atrevida, à maneira do século XVIII, que deixaria inacabada. No mesmo ano ligou-se à condessa Teresa Guiccioli, seguindo-a a Ravena onde, juntamente com o irmão dela, participou das conspirações dos carbonários.

Passou quatro meses em Cefalônia e viajou para Missolonghi, onde morreu em 19 de abril de 1824, após contrair uma misteriosa febre.
A obra e a personalidade romântica de Lord Byron tiveram, no início do século XIX, grande projeção no panorama literário europeu e exerceram enorme influência em seus contemporâneos, por representarem o melhor da sensibilidade da época, conferindo-lhe muito de sedução e elegância mundana. Lord Byron teve uma vida pessoal bastante conturbada: na juventude foi acusado de abuso sexual pela prima, homossexualismo e também foi um dos primeiros escritores a descrever os efeitos da maconha. Em meio a toda essa agitação existencial, que se tornou o paradigma do homem romântico que busca a liberdade, Byron escreveu uma obra grandiloqüente e passional. Encantou o mundo inicialmente com seus poemas narrativos folhetinescos, em que não faltam elementos autobiográficos, como Childe Harold's Pilgrimage, e depois o assustou com a faceta satírica e satânica que apresenta em poemas como Don Juan. Foi um dos principais poetas ultra-românticos. O cinismo e o pessimismo de sua obra haveriam de criar, juntamente com sua mirabolante vida, uma legião de jovens poetas "byronianos" por todo o mundo, chegando até o Brasil na obra de grandes escritores, como Álvares de Azevedo.
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